A luta é mais do que contato entre corpos: é confronto com a própria condição humana. No tatame, revelam-se o instinto, a razão e o caráter. Através da repetição, da queda e da persistência, o praticante de luta livre se transforma - não apenas em atleta, mas em ser pensante, disciplinado e inteiro.
O corpo é o primeiro templo da luta. Sem ele, não há embate, nem domínio, nem resistência.
Treinar o corpo é, portanto, uma forma de reverência - não à vaidade, mas à possibilidade da existência física consciente.
A dor que nasce do treino não é inimiga: é a linguagem do corpo exigindo evolução.
A luta começa antes do combate - começa no cuidado na alimentação, na repetição silenciosa do movimento, na abdicação voluntária do conforto.
Combater não é destruir o outro, mas testar a si mesmo sob a pressão do confronto.
O verdadeiro adversário está dentro: medo, ego, preguiça, orgulho.
O oponente não é um inimigo, mas um espelho. Ele mostra o que somos quando não há tempo para fingir.
A vitória pode cegar; a derrota pode ensinar. Cabe ao lutador aprender com ambos sem se apegar a nenhum.
O lutador não se define apenas por suas medalhas, mas pela postura nos momentos em que ninguém o observa.
Honrar a luta é respeitar o tempo do aprendizado, os parceiros de treino e os ensinamentos do mestre.
O verdadeiro forte é aquele que domina a si mesmo: sua raiva, sua ansiedade, sua vaidade.
Ser humilde não é se curvar, mas reconhecer que sempre há mais a aprender, mais a lapidar.
A luta não termina ao soar do gongo. Seus princípios devem ecoar na vida cotidiana.
O lutador não deve usar sua força para humilhar, intimidar ou corromper. Ele é, por natureza, um guardião da ordem e da integridade.
Fora do tatame, pratica-se o mesmo respeito exigido dentro dele: respeito aos mais fracos, aos diferentes, aos que erram.
A força sem ética é violência. A técnica sem caráter é vaidade. O lutador deve cultivar ambos: poder e propósito.
O corpo envelhece, a força se esvai, mas os valores da luta permanecem no espírito de quem a viveu com plenitude.
Treinar é também preparar-se para a transição: de competidor para mentor, de aluno para exemplo.
Cada geração herda da anterior não só as técnicas, mas a mentalidade. Que esta herança seja nobre.
Assim, a Luta Livre Esportiva transcende o esporte e se torna parte da filosofia de vida.
O lutador deve entender que ele é parte de um todo, tanto da sua equipe como da sua modalidade.
O seu desenvolvimento depende do mestre, dos companheiros e até dos adversários.
As gerações anteriores devem ser honradas e respeitadas na formação das novas gerações.
A Luta Livre Esportiva é formada por todos que fizeram e fazem parte dela. Dignificá-la e honrá-la da melhor forma possível é a única forma de retribuir a tudo que ela proporciona a seus praticantes.
"Comprometo-me, diante de mim e dos meus, a honrar a luta livre com corpo, mente e alma. Que cada treino me aproxime da verdade, que cada combate me revele um pouco mais de quem sou, e que, mesmo quando cessar minha força, permaneça em mim a dignidade de quem viveu como lutador."